“Passion”, segundo álbum de estúdio da banda gaúcha A Sorrowful Dream, mesmo que lançado seis anos após o álbum de estreia, carrega consigo o que a banda fez no seu ‘debut’. É um álbum tétrico, melancólico, porém pesado e com arranjos bem feitos, bem cuidados, nada soando deslocado ao decorrer da audição. Para quem já conhece a banda, já sabe o que vai encontrar: Dark Metal, em sua essência, com flerte com o Doom Metal em algumas passagens, além de música erudita, o que fica mais evidente com a adição das linhas de violino de Lucas Vargas (que também é responsável por uma das guitarras). O início, com um clima meio “grandes produções cinematográficas”, dá uma dica do que iremos ouvir a seguir, com “Amálgama”. Apesar do título em português e alguns versos em nossa língua, a música é cantada em inglês. Nela já ouvimos o contraste entre as vozes graves e rasgadas de Éder A. Macedo e a belíssima voz de Josie Demeneghi. A parte instrumental, apesar das passagens densas e melancólicas, traz boa dose de peso e certa velocidade, numa linha mais Heavy Metal. Possa ser que o leitor, ao ler sobre o uso de vozes mais agressivas alternando com os vocais femininos, imagine que isso já vem sendo feito há muito tempo. Até certo ponto com razão, mas na A Sorrowful Dream esse uso dos vocais é um mero detalhe na sonoridade ímpar da banda. É uma música de características próprias, que sabe usar bem tudo que o engloba o estilo Dark Metal ao seu favor. Partes pesadas, arrastadas, fúnebres, como ouvido em “Entwined”, se equilibram ao ir de encontro a momentos mais velozes e agressivos, como se pode ouvir em “In Hebetude”, que mesmo assim não deixa de ter andamentos tétricos. Os teclados de Mari Vieira é um instrumento essencial à construção de praticamente todas as músicas, com inserção inteligente e sem soar abusivo. As guitarras, com um timbre perfeito para o estilo, do já citado Lucas e do novato Aurélio Martins, carregam melodias moribundas e momentos de maior rispidez, quando a música pede. Geovane Lacerda (baixo) e Ricardo Giordano (bateria) complementam a formação da banda e mostram como deixar uma sonoridade ainda mais densa, pesada e carregada de melancolia. A produção sonora é soberba, e assim deveria ser, tendo em vista toda a qualidade apresentada nas músicas de “Passion”, e o que a A Sorrowful Dream representa para o estilo. A arte da capa não veio como a do disco anterior, e partiu do abstrato para algo sombrio, suicida, eu diria. Um álbum complexo, sim, mas muito bem executado e feito com honestidade, fazendo com que sua audição seja bastante prazerosa.
Site: www.asorrowfuldream.com
E-mail: asorrowfuldream@asorrowfuldream.com
Resenha por Valterlir Mendes