Eu acompanho a banda paraibana Metacrose praticamente desde o seu surgimento, em 1998, e pude conferir alguns shows da banda além, claro, de ter em mãos sua Demo e a participação num 4way Split em vinil. Em 2014, depois de muito tempo sem lançar nada (apenas um clipe com uma das músicas presentes no primeiro álbum), a banda chegou ao seu álbum de estreia. Sinceramente, o que é isso que estou ouvindo sem parar? Como definir “Interrorgate” (o título é um jogo de palavras com interrogar e terror)? Simplesmente um álbum perfeito, pesado e carregado de muito, muito feeling, sem se falar em todo o profissionalismo que o envolve. O álbum já começa arregaçando no início, com a violenta “What’s Wrong With Killing?”, que não se prende, apenas, a passagens agressivas, já que podemos ouvir algo acústico em sua levada, mesmo que em dose homeopática. Os vocais de Vinicius Laurindo se encaixaram perfeitamente nessa nova fase da banda, pois carrega agressividade na medida certa. Quer mais peso e agressividade? O álbum se mantém em alta a cada música apresentada. A sequência vem aniquiladora com “Is This Democracy?”, que alterna cadência, peso e certa velocidade, com as guitarras de Thiago Bandeira e Israel Rêmora chegando a lembrar, em algumas passagens, o Pantera, além de fazerem, com total naturalidade, as partes acústicas, e belos e bem postados solos. O baixo de Marcos Meireles, em junção com a bateria de Demetrius “Deathmetrius” Pedrosa, adiciona ainda mais peso na sonoridade do Metacrose e nas músicas apresentadas nesse álbum. O Death Metal praticado pela banda foge do lugar comum, mas, em momento algum, macula o estilo, muito pelo contrário, mostra o quão o estilo pode apresentar ramificações; mostra que, mesmo com passagens acústicas, pode se manter agressivo. Por falar em partes acústicas, elas estão praticamente em todo o álbum, em cada música, mas sem exageros, como no caso de “How Can I Know Who I Am?”, que tem seu início com a participação especial de Marcus Siepen (Blind Guardian) e no seu decorrer podemos ouvir algo de música regional! Eu não paro de me espantar (positivamente) a cada vez que ouço “Interrorgate”; a cada vez que ouço músicas como “Are You the Truth” (uma verdadeira tijolada, com certa influência do Thrash Metal) ou a introspectiva “Why Should He Live?”. Entre os participantes ainda temos o lendário Zé do Caixão na música “Zé do Caixão”, um Death/Doom Metal sinistro; Nívea Maria Santos (flauta) e Thomaz Rodrigues (violoncelo), que só fizeram engradecer a musicalidade do Metacrose. E o que falar da parte lírica? Com praticamente todos os títulos em forma de pergunta, as letras irão colocar o ouvinte a refletir sobre cada tema apresentado. Repito: um álbum simplesmente perfeito!
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