Exodus: já à venda relançamento de “Blood In, Blood Out”
Um dos arquitetos fundadores da cena Thrash Metal americana, o Exodus, lutou contra todos os tipos de adversidades ao longo dos anos, mas nunca se deixou abalar e ainda usou tudo isso como combustível para manter sua chama sempre acesa e cada vez mais violenta. Novas tendências de curta duração, mudanças na formação, conflitos com gravadoras e até a morte do vocalista e membro fundador Paul Baloff não conseguiram parar a fera e sua música incisiva, rápida e implacável que influencia até hoje diversas bandas, de Pantera a Lamb of God, e que continua esmagando crânios décadas depois que a maioria das bandas de Thrash dos anos 80 se aposentou.
Com o seu décimo álbum de estúdio, chamado “Blood In Blood Out”, o Exodus provou que ainda tinha a coragem, a habilidade e o talento para entregar o melhor sem se desviar da estética central da banda. O título do álbum resume bem o que o guitarrista Gary Holt pensa sobre o Exodus: “Quando eu estava trabalhando no álbum, eu estava assistindo séries de TV como ‘Gangland’ e todos esses reality shows sobre as cadeias e centros correcionais”, ele diz. “E pensei, ‘Sim, isso é como o Exodus’. É uma irmandade. Você sangra para entrar, sangra para sair. Tenho feito este tipo de música desde a adolescência e vou continuar fazendo até não poder ser capaz fisicamente”.
Holt não perdeu aquela raiva nem a fome que tinha na adolescência. As 11 músicas de tirar o fôlego que fazem parte de “Blood In Blood Out” estão entre as melhores da carreira do Exodus, sinalizando tanto um renascimento quanto uma evolução. Embora Holt, quando o álbum estava em processo de composição/gravação, estivesse tocando ao vivo com o Slayer, sua prioridade e toda sua dedicação sempre foi o Exodus e isto está plasmado em todo o álbum. “Blood In Blood Out” é repleto de velocidade, fúria e riffs memoráveis.
Depois da complexa série temática “The Atrocity Exhibition: Exhibit A” de 2007 e “Exhibit B: The Human Condition” de 2010 que apresentava faixas épicas, “Blood In Blood Out” é tão fácil de pegar como um facão com entalhes para os dedos no cabo. “Meu objetivo sempre foi fazer um épico Rush/King Crimson de Thrash Metal em duas partes e nós conseguimos”, exclama orgulhosamente Holt. “Eu meio que tirei isso do meu sistema, então desta vez eu queria que tudo soasse mais natural, mais curto e direto ao ponto. Um entra e sai. Então este é um pouco mais direto. Talvez parte da velha influência de ‘Bonded By Blood’ tenha aparecido e é pesado pra caralho, mas é desse jeito que gostamos”.
Quando o vocalista Rob Dukes saiu depois de nove nove anos com a banda, em vez de tentar trabalhar com algum vocalista desconhecido, o Exodus resolveu pedir a Steve “Zetro” Souza (que já tinha gravado cinco discos com a banda) para experimentar. A banda enviou a Souza duas faixas - “Black 13” e “BTK” -, ambas com os vocais-guia de Holt. “Eu recebi um telefonema dos meus managers dizendo: ‘Ei, os caras querem que você cante algumas músicas”, diz Souza. “Eles realmente não sabiam o porquê. Eu pensei que talvez eles quisessem que eu fosse um convidado do álbum ou fizesse uma turnê. Eu topei e cantei as músicas e aproximadamente três dias depois recebi [outro] telefonema do meu empresário dizendo: ‘Os caras realmente gostaram do que você fez nas músicas e estão pensando em levar você de volta à banda’ e eu fiquei ‘Uau, legal!’ Eu conversei com cada um dos membros e discutimos muitas coisas que aconteceram no passado. Mas sempre senti que somos uma família. E famílias sempre brigam. A última vez que estive na banda, eu não estava 100%. Desta vez, eu estava novamente com sangue nos olhos”.
Mas Souza não foi o único músico em “Blood In Blood Out” que estava de volta à banda após mais de uma década ausente. O guitarrista original do Exodus Kirk Hammett (sim, do Metallica!) apareceu no estúdio para contribuir com um solo para a música “Salt The Wound”.
“Na verdade, foi a primeira vez que ele gravou em um lançamento oficial do Exodus”, diz Holt. “Ele gravou a Demo inicial e depois se juntou ao Metallica e não fez mais nada conosco depois disso. Então ele estava totalmente entusiasmado com isso. Ele veio e gravou um monte de takes e nós escolhemos a melhor e depois fizemos um churrasco e bebemos cerveja”.
Em resumo, “Blood In Blood Out” é uma vitrine da determinação de aço do Exodus, da sua habilidade incomparável e da sua raiva nada refinada.
“No início [da banda], eu pensava: ‘Se você ficar no caminho, você será atropelado pelo Exodus!’”, diz Souza. “É assim de novo. Não fique no caminho. Você será atropelado! Eu garanto”.